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Parecer é poder: o que Maquiavel pode nos ensinar sobre Personal Branding

  • Foto do escritor: Éverton Tadeu
    Éverton Tadeu
  • 21 de out.
  • 3 min de leitura
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O Príncipe é um dos meus livros favoritos. Já o li algumas vezes, e sempre encontro algo novo. Um detalhe sobre comportamento humano, poder e imagem que continua absurdamente atual.


Muitos ainda veem Maquiavel como sinônimo de manipulação, mas quem o lê com atenção entende que ele estava falando de algo muito mais profundo: a percepção.


Em O Príncipe (1532), Maquiavel escreveu que “é necessário parecer ser”. Uma frase simples, mas capaz de explicar mais sobre personal branding do que muitas teorias modernas de marketing. Ele compreendia que o poder não nasce da verdade, e sim da percepção que as pessoas constroem a partir do que veem.


A sociedade sempre julgou pelos olhos


No capítulo XVIII, Maquiavel afirma:


“Os homens em geral julgam mais pelos olhos do que pelas mãos, porque todos podem ver, mas poucos sabem sentir. Todos veem o que pareces ser, poucos sentem o que és.”

Essa é, talvez, uma das observações mais brutais e realistas sobre o comportamento humano. A sociedade sempre funcionou assim. Antes de te ouvir, ela te observa. Antes de te conhecer, ela te interpreta.


E é justamente por isso que a imagem sempre foi uma ferramenta de poder. A forma como você se apresenta molda a forma como o mundo te lê.


A citação moderna e a essência maquiaveliana


Nos últimos anos, uma frase começou a circular nas redes sociais atribuída a Maquiavel:


“Nunca pareça pobre, mesmo que você seja. A sociedade não investiga, ela presume. Vive de aparências, de reflexos, de máscaras.”

Historicamente, essa frase não existe literalmente em O Príncipe. Ela é uma interpretação moderna, um resumo simbólico da ideia central do autor: a aparência molda o destino. Mesmo não sendo autêntica, ela traduz bem o espírito da obra.


O que Maquiavel nos ensina é que a imagem é uma narrativa. E quem não entende isso, acaba sendo narrado por outros.


Imagem não é farsa, é estratégia


Muita gente confunde personal branding com fingimento. Mas não se trata de mentir, e sim de estruturar a percepção. É saber o que você comunica antes mesmo de falar. É projetar coerência entre o que você é, o que mostra e o que entrega.


A sua imagem é a sua primeira leitura pública. Ela precede sua voz, seu currículo, seu talento. E uma vez formada, é difícil de ser desconstruída.


Na prática, isso significa que a maneira como você se veste, se comporta, se posiciona e se comunica é parte de um mesmo sistema simbólico. É o que diferencia a pessoa que é percebida como autoridade daquela que é esquecida, mesmo sendo competente.


Parecer é o primeiro passo para ser


No fundo, Maquiavel apenas verbalizou o que ainda rege o jogo social e profissional: a aparência tem peso. A forma como você é percebido define o espaço que te é concedido.


A sua postura, sua presença e sua comunicação são a sua armadura simbólica. Não para esconder quem você é, mas para proteger o que você construiu.

Autenticidade é essencial, mas percepção é o que decide quem tem voz.E no palco da vida, como dizia Maquiavel, “quem controla as aparências, controla o jogo.”


A verdade pode até ser uma virtude,mas a percepção continua sendo o que define o poder.


📘 Referência:Niccolò Machiavelli, O Príncipe, 1532, Capítulos XVIII e XIX.


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